Eu quis resolver,
quis ser dono do fio,
quis ser mestre da trama,
arquiteto das pontes quebradas.
Gritei,
discuti,
bati portas que nem tinham tranca.
Achei que no braço,
na força,
no verbo duro,
eu alinharia o mundo.
Mas o mundo…
esse não se curva à minha teimosia.
E em lugar de solução,
colhi silêncio,
colhi mágoa,
colhi distâncias.
Até que, cansado de mim,
dobrei os joelhos.
Desabei, enfim,
no colo do Deus que me esperava,
pacífico,
terno,
paciente.
E falei pouco.
Nem precisei gritar.
Bastou dizer:
“Senhor, cuida. Resolve do Teu jeito.”
E então,
o que era pedra, virou caminho.
O que era nó, virou laço de paz.
O que era guerra, virou silêncio sereno.
E eu entendi, enfim,
que nunca haverá solução mais perfeita
do que a que vem das mãos de Deus.
Quando eu me calo,
Deus fala.
Quando eu descanso,
Deus age.
Quando eu confio,
Deus transforma.
E percebo —
tão simples, tão claro —
que aquilo que eu tentava ajeitar por força,
Deus alinhava com sopro,
com amor,
com tempo certo.
Há uma engenharia divina
que minha ansiedade não compreende.
Há um relógio no Céu
que não atrasa,
não se adianta,
apenas toca no compasso exato
da vontade de Deus.
Que eu aprenda,
todos os dias,
a não querer ser o Senhor do que não domino.
Que eu dobre o joelho mais,
e bata menos portas.
Que eu fale mais com Deus,
e discuta menos com o mundo.
Pois o que Ele resolve,
resolve inteiro.
Resolve certo.
Resolve com amor.
E sempre,
sempre,
no tempo perfeito.
Renato Paes Leme