O Novo Certo, ou será o velho erro?

Outro dia, andando distraído entre telas, timelines e manchetes, percebi que estamos vivendo uma época curiosa. A época em que o errado virou opinião… e o certo, opressão.

Sim, é isso mesmo. O que antes era chamado de bom senso, hoje responde por um nome mais moderno: intolerância. E quem levanta a voz para lembrar do óbvio? Ah… esse corre o risco de ser cancelado, taxado, rotulado e… devidamente silenciado.

Vivemos a era do “seja gentil, desde que pense como eu”. Uma gentileza forçada, revestida de discursos doces na superfície, mas cheios de farpas escondidas. Somos obrigados a escolher cuidadosamente cada palavra, cada vírgula, cada olhar… mas os mesmos que nos vigiam, gritam palavrões disfarçados de liberdade e jogam pedras embrulhadas em laços de empatia.

Vejo gente defendendo bandeiras que sequer sabem do que são feitas. Pregam o natural, mas vivem no artifício. Levantam cartazes de liberdade, mas adoram acorrentar ideias alheias. E a coerência? Essa, coitada… virou peça de museu.

Há uma pressa em criar um novo certo. Um certo que muda de acordo com a tendência, com o algoritmo, com a hashtag da vez. Ontem era um absurdo. Hoje é “progressista”. Amanhã… bom, amanhã a gente vê. Porque, no fundo, nem eles sabem no que acreditam. Só sabem que precisam parecer estar certos.

E nesse teatro social, quem ousa pensar diferente vira vilão. Quem ousa defender princípios vira retrógrado. E quem ousa ser apenas… normal, esse sim corre o maior risco de todos: o de ser invisível.

Mas quer saber? Talvez o verdadeiro ato de rebeldia, hoje, seja justamente esse: manter-se de pé, coerente, em meio a esse vendaval de incoerências disfarçadas de evolução.

No fundo, o mundo grita por autenticidade. Mas, ironicamente, não suporta quem tem coragem de ser.

Renato Paes Leme

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