Há um Cristo sendo vendido por aí.
Um Cristo de vitrine, envernizado, bonitinho, domesticado. Um Cristo que não exige, não confronta, não transforma. Um Cristo feito sob medida para o ego humano.
Esse, com “c” minúsculo, é apenas uma caricatura.
Mas o Cristo verdadeiro, aquele que rasgou o tempo, desceu da eternidade e se fez carne, esse não veio para massagear consciências, veio para sacudir almas.
“Eu não vim trazer a paz, mas a espada” (Mateus 10,34), disse Ele.
Essa frase não caberia no Cristo do Instagram, mas foi dita por Aquele que é o Verbo Vivo. A espada a que Ele se refere é a da verdade — a Palavra que corta e cura, que fere o orgulho para curar o coração.
Hoje se vende um Cristo permissivo.
Um Cristo “paz e amor” que jamais diria a uma mulher:
“Vai e não tornes a pecar” (João 8,11).
O Cristo do mundo moderno não falaria de cruz, de renúncia, de inferno.
Mas o Cristo real nos alertou:
“Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz cada dia, e siga-me” (Lucas 9,23).
Sim, Cristo nos ama, mas com um amor que não nos deixa do mesmo jeito.
O amor dEle salva, mas não afaga o pecado.
Corrige, poda, queima o que não dá fruto.
“Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor… todo ramo que não dá fruto, ele corta” (João 15,1-2).
Esse Cristo não cabe em discursos de autoajuda.
Ele não veio para agradar os homens, mas para obedecer ao Pai e salvar as almas (João 6,38).
Hoje muitos querem um Cristo que aprova seus vícios, que acalma suas consciências, que os acompanhe em seus desejos, mas não um Senhor a quem se obedece.
Só que sem obediência, não há discipulado.
Sem cruz, não há ressurreição.
O Cristo verdadeiro não é um amuleto de bolso, não é uma ideia confortável.
Sem nós Ele é Deus.
Nós sem Ele somos pó, vaidade, ilusão.
Como disse São Paulo:
“Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gálatas 2,20).
Cristo não é opcional.
Ele é essencial.
Sem Ele, tentamos construir sentido em aplausos, posses, prazeres. Mas tudo isso é areia.
Só n’Ele há rocha.
Só n’Ele há vida.
Não sejamos consumidores de um Cristo moldado à imagem do mundo.
Sejamos discípulos do Cristo que molda o mundo à imagem do céu.
Renato Paes Leme