Era uma manhã comum, mas o céu parecia sorrir diferente. Os sinos da igreja ecoavam como se o próprio céu se inclinasse para escutar. Ali, diante do altar, dois corações batiam como um só — não apenas diante de testemunhas, mas diante do próprio Deus. Casar-se na Igreja Católica é isso: entrar na casa do Senhor não para viver um conto de fadas, mas para iniciar uma história de eternidade.
Sim, há flores, música, amigos e até lágrimas de emoção. Mas o verdadeiro esplendor não está nos detalhes do evento, e sim na graça invisível que desce do céu naquele momento. O casamento não é só uma cerimônia bonita. É sacramento, é sagrado. Foi instituído por Cristo, que, nas bodas de Caná, não apenas transformou a água em vinho — transformou o cotidiano em milagre, o amor humano em sinal do amor divino.
Casar-se diante do altar é aceitar o convite mais ousado da vida: formar, com Deus, uma aliança a três. Marido, esposa e Senhor. Uma Trindade terrestre que reflete a celeste. E nesta união, não há espaço para a desistência. Não porque somos perfeitos — mas porque o amor que vem de Deus é perseverante, é fiel, é transformador.
Estar na casa do Senhor para dizer “sim” não é apenas buscar uma bênção, é fazer uma escolha eterna: “Senhor, entra na nossa casa. Mora no nosso lar. Conduz os nossos passos.” É declarar que o casamento não é uma aposta, é uma missão. E como toda missão sagrada, ela é sustentada pela oração, pelo perdão, pela alegria que brota da fé.
Não existe família perfeita, mas existe família abençoada. Família que ora unida, que caminha lado a lado, que transforma as dificuldades em oportunidade de crescimento. O inimigo até tenta, mas não encontra brechas em quem reconhece que o amor é dom e decisão.
Casar-se na Igreja é dizer ao mundo: “Nós não estamos sozinhos. Deus é a base do nosso amor.” É confiar que a presença Dele será a luz nas noites escuras, a força nos dias difíceis e a alegria nos dias comuns.
A família é o bem mais precioso que podemos construir nesta vida — é nela que a eternidade começa a ser escrita com gestos pequenos, com olhares silenciosos, com mãos entrelaçadas no meio da rotina.
Então, noivos queridos, celebrem, sim! Mas celebrem mais do que uma data: celebrem um chamado. Um chamado ao amor maduro, profundo, que cresce com o tempo, porque tem raízes no céu. Quando vocês entrarem naquela igreja e disserem “sim”, lembrem-se: é o próprio Cristo que estará diante de vocês, unindo as mãos de dois, para que se tornem uma só alma a caminho do Paraíso.
E que essa união, nascida no altar, floresça todos os dias com a beleza das coisas eternas.
Porque quem casa com Deus no centro, não casa só para a vida. Casa para sempre.
Renato Paes Leme